Ontem foi um dia daqueles e logo nas primeiras horas já deu pra perceber que seria difícil.
Pedro Henrique acordou pouco depois da meia-noite aos gritos, marido foi até o quarto dele, mas uns quinze minutos depois, o menino ainda berrava, fui lá e percebi que ele tinha tido um pesadelo, porque estava muito agitado e gritava: "Não, não!", "sai!", levamos ele por nosso quarto e assim foi até as quatro da manhã, quando finalmente dormiu.
Eu precisava acordar mais cedo pra resolver algumas coisas antes de chegar ao trabalho, nem precisa dizer que eu perdi hora e que Pedro Henrique não queria acordar de jeito nenhum.
Em frente à escola, o menino queria porque queria entrar com um carrinho, como não era dia de brinquedo, tentei convencê-lo a deixar o carrinho comigo, ele se jogo no chão, quando fui pegá-lo, bati com a testa na porta do carro e na mesma hora, surgiu um galo enorme e roxo no lugar. Fui abastecer o carro e o posto não estava mais aceitando cartões, tive que dar tudo o que tinha na carteira, não consegui ir ao banco e passei o dia todos com 70 centavos! Pra piorar, não fiz o que deveria e ainda cheguei meia hora atrasada.
Mas o dia não tinha terminado, não é? Depois do trabalho, fui pra minha aula de artes, me diverti muito e até esqueci da maré esquisita, peguei filho na escola e quando estava na esquina de casa, o carro apagou. Tentei dar partida várias vezes, até que um instrutor da auto-escola que fica ali perto, veio correndo em minha direção, me mandando descer rapidamente do carro e tirar o filho, pois, a gasolina estava vazando. Em segundos, eu estava na calçada, quando olhei pro chão, vi a imensa poça de combustível, se eu eu continuasse dando partida, uma faísca poderia ter incendiado o carro, comigo e filho dentro.
Chamei o mecânico, que nem me cobrou pelo serviço, pois apenas teve que recolocar o lacre da mangueira de gasolina, que tinha escapado.
Todo mundo ficou me perguntando se eu não sentia o cheiro da gasolina, mas eu estou com o nariz completamente tapado por conta de uma alergia, somente à noite, depois do banho, com o nariz voltando a funcionar, senti o cheiro de gasolina nas minhas roupas e na Pedro Henrique e entendi a preocupação das pessoas. Nós realmente corremos sério risco ali.
Só posso dizer, ainda bem que o dia acabou e eu tenho quase certeza de que o menino da auto-escola era meu anjo da guarda disfarçado.
*frase que meu pai sempre usa quando o dia tá difícil.