Há muito tempo estou devendo notícias da Lu neste espaço. Anunciei aqui que ela prestaria o vestibulinho e não voltei pra dar o resultado.
Bom, pra perceberem o meu grau de relaxo, as aulas dela começaram hoje – sim, minha filha está no ensino médio!
Como eu tinha contado aqui, ela prestou dois vestibulinhos: um pra uma escola que eu queria MUITO que ela estudasse e que é mantida pela Unicamp (precisa falar mais?) e a outra, onde eu e meu irmão estudamos, que não é ruim, mas não tem o mesmo apelo. Na verdade, na primeira, ela teria que estudar em período integral (o que eu acho bom, mas ela não.rs) e o curso era técnico, o que ela considera um problema e eu também preferia que ela fizesse um colégio normal, pois eu sei, por experiência própria, que colégio técnico não prepara para o vestibular.
Bom, não sei se a vontade dela fez a diferença, mas ela não passou no vestibulinho da primeira escola e passou no da segunda.
E eu percebo claramente que essa fase representa um rito de passagem na vida do adolescente. Pense: até então, tudo o que ela precisava, eu ou o pai resolvíamos, nada era preocupação pra ela. Até que com o vestibulinho, nós, os pais, não tínhamos como interferir, dependia exclusivamente dela e ficou claro que ela ainda não tem maturidade suficiente para tomar decisões importantes. Nós a criamos para ser independente e ter capacidade de resolver seus problemas, mas quais problemas têm uma menina até os 14 anos? Pois é, aí que a porca torce o rabo, ela não se dedicou o suficiente, tinha uma preguiça louca de estudar, por sorte, passou, mas e se não passasse? Para onde iria? Essa não era uma preocupação dela e isso me deixou meio chateada. Por sorte ela passou e passou no colégio onde queria estudar, vai fazer ensino médio como queria, então tudo bem.
Mas, voltando ao ritual de passagem – é muita coisa nova junta: escola nova, amigos novos (nenhum amigo da antiga escola foi pra esta), professores, regras e pra fechar com chave de ouro, ela voltará da escola de ÔNIBUS!! E, apesar da preocupação, acho que será importantíssimo pra ela, andar pela cidade. De manhã, eu vou levá-la, mas na volta, ela tomará ônibus, isso será na hora do almoço, a escola fica em lugar movimentado e além disso, eu tenho lembranças ótimas do ônibus cheio de estudantes, sempre tão divertido.
Lógico que fico pensando nos dias de chuva e em mais uma porção de bobagens, mas tenho certeza de que ela vai tirar isso de letra.
Outra coisa engraçada é que, em uma conversa entre ela e uma amiga, elas diziam que o fato do colégio não ter uniforme, era uma vantagem, pois assim, pelas roupas que os outros estariam vestindo, ela teria condições de avaliar de quem valia a pena se aproximar, tipo se estivesse com escova no cabelo e roupa pink, era “pati”, mas se estivesse de preto, com All Star, aí sim, era boa gente. Falei pra ela que aquilo era um absurdo, ao que ela me respondeu que todo mundo avalia todo mundo pela aparência (ó mundo cruel!), mas não acho que se trata de preconceito, mas sim de identificar sua tribo no meio da multidão, coisa comum entre os adolescentes.
Bom, as aulas começaram hoje, ela estava meio apreensiva, o que é normal pra ela - pra mim, é mais uma amostra de que não tenho mais uma filha criança, né?
Ah, logo depois que ela saiu da aula, liguei pra saber como tinha sido e principalmente, como foi voltar pra casa de ônibus e ela me contou que o pai foi buscá-la. haha! Acho que ele ficou meio apavorado. Ah, e ela me contou também que teve calourada e que ela teve os braços e o rosto pintado. Criança? Onde?