Aos 39, eu me amo!

Quando eu tinha 18, 19 anos e estava no auge da minha juventude, achava que quando chegasse aos 40, tudo estaria acabado. Nada do que me interessava naquele momento teria importância e eu não teria mais a mesma vitalidade, a mesma alegria de viver. Me via no futuro, como uma velha, aos 40 anos!
Pois bem, cheguei aos 39 e estou muito feliz comigo mesma. Aliás, muito mais do que naquela época! Minhas prioridades não são mais as mesmas, mas eu estou muito melhor do que imaginava. Meu corpo já não tem a mesma firmeza, meu rosto não é mais tão lisinho e macio, minhas pernas tem vasinhos e celulite que eu não tinha. Já não sou mais uma referência de assuntos culturais e fúteis como antes. Sim, porque eu sabia qual era o último disco de fulano, o lançamento do filme de beltrano, o preço do ingresso do show de sexta-feira, a última moda na Europa. Nossa, eu era uma parabólica! Hoje, não consigo me lembrar do que tenho que fazer no banco, mas quer saber, dane-se!
Hoje, me dou ao direito de errar, de sair com a camiseta velha, de prender os cabelos, botar uns óculos escuros e pronto. Não ligo mais pra opinião alheia. Olhou pra mim com cara feia, f*da-se! Por outro lado, não tenho mais a menor paciência com gente chata, digo o que quero e me afasto. Pra sempre! O tempo passou e conseqüentemente, o meu tempo é menor, então não vou, de jeito nenhum, desperdiçá-lo com bobagens. Quero ser feliz e só. O dinheiro não dá pra tudo o que eu gostaria, olha tem gente muito pior e além disso, o que vale é a criatividade – não dá pra jantar fora? Um vinho gostoso com marido gostoso, tá ótimo! Minha casa não é nenhuma mansão, mas tem um quintal maravilhoso, com um gramadão e cheio de flores que o marido plantou. A horta está linda e as borboletas voam ao sol. Espero ansiosa o final de semana, não pra ir ao shopping, mas pra deitar na grama com meus filhos. Meu perfume não é Chanel, meu jeans não é Diesel, mas está servindo (graças!), meus sapatos não são Manolo Blahnik, meus brincos não são da HStern, enfim, hoje estas coisas não tem a menor importância - eu sou importante!
E lá no fundo, eu ainda sou uma adolescente! E, diariamente, quando estou na cozinha (hoje adora cozinhar!), o CD player, que é tão importante quanto o processador e o microondas, toca obrigatoriamente, New Order e Ramones e eu danço como uma louca, como uma adolescente! Aos 39, posso dizer, com todas as letras: eu me amo!