Hoje minha filha completa 13 anos
Hoje minha filha completa 13 anos.
Ela nasceu num dia muito frio, mais ou menos como hoje. Levou 18 horas pra nascer e quando finalmente nasceu, o médico veio me dizer que minha filha era ruiva! Como assim? Ruiva? Sim, ruiva linda, muito branquinha. E chorona. Meu Deus, como era chorona! Daquelas que pessoas que eu nunca tinha visto vinham me perguntar o que estava acontecendo.
E até hoje é manhosa, vive chamando: “mãe/pai, vem aqui ficar comigo?”
O tempo passou. Teve todos os aniversários comemorados com festinha, bolo e brigadeiro. Foi muito elogiada quando aprendeu a bater palmas, a engatinhar, a andar, a falar, a pedalar a bicicletinha, a beber com canudinho, a comer todos os legumes, a fazer bola de chiclete, a tomar banho sozinha, a pentear os cabelos, a andar de patins, de skate, nas apresentações do coral, do balé, da ginástica olímpica, nas competições de natação e capoeira, quando começou a sair com as amigas e ligava pra avisar que ia chegar mais tarde, nas boas notas da escola. Enfim, sempre, a cada minuto soube que é muito amada pelos pais.
Chorou de emoção quando o irmão nasceu e agora já briga com ele. Como qualquer pessoa, tem milhões de defeitos, mas muitos milhões a mais de qualidades. É linda, inteligente, educada. É minha filha e pra mim, vai ser sempre a menina mais especial do mundo.
Mas cresceu, deixou de ser meu bebê e minha menininha e está caminhando pra independência, como eu sempre quis, mas dá uma saudade, uma sensação de perda: cadê a bebéia que estava aqui? Aquela não existe mais. No lugar dela tem uma menina cheia de opinião, que gosta de rock, que usa roupas pretas, que adora a cultura japonesa, que é louca por animes e mangas, que adora McDonald’s. Enfim, que é um indivíduo, que tem gostos próprios e a maioria ela não herdou de mim. Porque ela é a Luíza e eu sou a Claudia
Bom, é isso – muitos e muitos anos de vida feliz pra ela e que eu possa viver muuuuito pra acompanhar tudo isso, lado a lado.
O texto daí debaixo me faz chorar, mas eu precisava publicá-lo.
“Não é a minha idade que determina que envelheço; é a idade de meus filhos. Costumo absolver minha erosão, dar um desconto às rugas e vincos, sair com a roupa malpassada do corpo, não me ameaçar com comparações do que fui e do que sou. Mas o que fazer quando sua filha completa 13 anos? Treze anos? Calma, não consegui absorver. Quando ela tinha 12, não parecia tão longe, ainda era possível brincar de gangorra e enganá-la com desculpas. Não mais a interessa uma piscina de 1000 litros. Muito menos poderei inventar penteados ou indicar roupas. Ela gosta de tudo o que não gosto. Sou o pai que ela precisa enfrentar, não mais o protetor que a colocou na bicicleta e retirou as rodinhas sem que percebesse. Resta-me esperar que ela tenha saudades de minha paternidade. Um dia, quem sabe, ver que algo ficou dos ciscos que soprei de seus olhos e descobrir que os ciscos são os meus olhos dentro dos seus. Hoje Mariana completa 13 anos. Treze. Desculpa a repetição, estou me habituando. É um choque. Antes brigava pela festa de aniversário, por bolo, brigadeiro, branquinho, amigos ao redor. Não a agrada mais o estardalhaço de crescer. Prefere que as velas queimem sozinhas, longe da enseada da boca. Aos treze, ela não quer comemorar, ela se conforma. De uma forma e de outra, terminou sua infância. Da adolescência vai para a vida adulta, sem volta. Não vou mais pegá-la no colo. Terei que tomar cuidado em não tocar em seus seios na hora de abraçar. Ela regula com minha altura. Pela primeira vez, não a olharei de cima. Ela me repreenderá mais do que concordará comigo. Sou obrigado a bater na porta para entrar. Nosso amor está cheio de cuidados e pudores. É um amor mais recôndito. Ela será grosseira ao telefone e nem irá reparar (fui igual com os meus pais). Estarei sempre a atrapalhando. Ao aguardar a ligação de um guri, telefonarei na hora. Fará o possível para que desapareça rápido. Monossilábica, pronunciará bala ou palha diante de minhas sugestões. Usará fones nos ouvidos e vai recorrer à mímica para expressar sua opinião. Dirá que não a entendo mais vezes do que o necessário. E não a entenderei mesmo. Chegou o momento de minha insônia, permanecer acordado mexendo a luz do abajur e da geladeira, até que ela volte das festas. Pais são sonâmbulos quando os filhos nascem e quando os filhos partem ao mundo. Terei que ser independente e justo, mesmo sofrendo de medo. Não receberei mais cartões e desenhos com a promessa de amizade eterna. É recomendável guardar um estoque de sua infância para visitar e não se desesperar com a falta de notícias. Deixarei de ser seu ídolo. Serei mais humano e falível. Ela só me elogiará quando não estiver junto, para não me influenciar. Minha filha tem treze anos. Ontem trocava suas fraldas, andava com um cueiro como manta, levava-a de carrinho para praça, enxergava seu riso trocando os dentes, serenava sua febre, mentia para viver mais de uma vez sua verdade. Era ontem, ela brincou de esconde-esconde e está debaixo da cama, com alguns anos que não percebi passar em seu rosto. O tempo não voa, a voz voa. Minha filha agora me põe a envelhecer.”
Ela nasceu num dia muito frio, mais ou menos como hoje. Levou 18 horas pra nascer e quando finalmente nasceu, o médico veio me dizer que minha filha era ruiva! Como assim? Ruiva? Sim, ruiva linda, muito branquinha. E chorona. Meu Deus, como era chorona! Daquelas que pessoas que eu nunca tinha visto vinham me perguntar o que estava acontecendo.
E até hoje é manhosa, vive chamando: “mãe/pai, vem aqui ficar comigo?”
O tempo passou. Teve todos os aniversários comemorados com festinha, bolo e brigadeiro. Foi muito elogiada quando aprendeu a bater palmas, a engatinhar, a andar, a falar, a pedalar a bicicletinha, a beber com canudinho, a comer todos os legumes, a fazer bola de chiclete, a tomar banho sozinha, a pentear os cabelos, a andar de patins, de skate, nas apresentações do coral, do balé, da ginástica olímpica, nas competições de natação e capoeira, quando começou a sair com as amigas e ligava pra avisar que ia chegar mais tarde, nas boas notas da escola. Enfim, sempre, a cada minuto soube que é muito amada pelos pais.
Chorou de emoção quando o irmão nasceu e agora já briga com ele. Como qualquer pessoa, tem milhões de defeitos, mas muitos milhões a mais de qualidades. É linda, inteligente, educada. É minha filha e pra mim, vai ser sempre a menina mais especial do mundo.
Mas cresceu, deixou de ser meu bebê e minha menininha e está caminhando pra independência, como eu sempre quis, mas dá uma saudade, uma sensação de perda: cadê a bebéia que estava aqui? Aquela não existe mais. No lugar dela tem uma menina cheia de opinião, que gosta de rock, que usa roupas pretas, que adora a cultura japonesa, que é louca por animes e mangas, que adora McDonald’s. Enfim, que é um indivíduo, que tem gostos próprios e a maioria ela não herdou de mim. Porque ela é a Luíza e eu sou a Claudia
Bom, é isso – muitos e muitos anos de vida feliz pra ela e que eu possa viver muuuuito pra acompanhar tudo isso, lado a lado.
O texto daí debaixo me faz chorar, mas eu precisava publicá-lo.
“Não é a minha idade que determina que envelheço; é a idade de meus filhos. Costumo absolver minha erosão, dar um desconto às rugas e vincos, sair com a roupa malpassada do corpo, não me ameaçar com comparações do que fui e do que sou. Mas o que fazer quando sua filha completa 13 anos? Treze anos? Calma, não consegui absorver. Quando ela tinha 12, não parecia tão longe, ainda era possível brincar de gangorra e enganá-la com desculpas. Não mais a interessa uma piscina de 1000 litros. Muito menos poderei inventar penteados ou indicar roupas. Ela gosta de tudo o que não gosto. Sou o pai que ela precisa enfrentar, não mais o protetor que a colocou na bicicleta e retirou as rodinhas sem que percebesse. Resta-me esperar que ela tenha saudades de minha paternidade. Um dia, quem sabe, ver que algo ficou dos ciscos que soprei de seus olhos e descobrir que os ciscos são os meus olhos dentro dos seus. Hoje Mariana completa 13 anos. Treze. Desculpa a repetição, estou me habituando. É um choque. Antes brigava pela festa de aniversário, por bolo, brigadeiro, branquinho, amigos ao redor. Não a agrada mais o estardalhaço de crescer. Prefere que as velas queimem sozinhas, longe da enseada da boca. Aos treze, ela não quer comemorar, ela se conforma. De uma forma e de outra, terminou sua infância. Da adolescência vai para a vida adulta, sem volta. Não vou mais pegá-la no colo. Terei que tomar cuidado em não tocar em seus seios na hora de abraçar. Ela regula com minha altura. Pela primeira vez, não a olharei de cima. Ela me repreenderá mais do que concordará comigo. Sou obrigado a bater na porta para entrar. Nosso amor está cheio de cuidados e pudores. É um amor mais recôndito. Ela será grosseira ao telefone e nem irá reparar (fui igual com os meus pais). Estarei sempre a atrapalhando. Ao aguardar a ligação de um guri, telefonarei na hora. Fará o possível para que desapareça rápido. Monossilábica, pronunciará bala ou palha diante de minhas sugestões. Usará fones nos ouvidos e vai recorrer à mímica para expressar sua opinião. Dirá que não a entendo mais vezes do que o necessário. E não a entenderei mesmo. Chegou o momento de minha insônia, permanecer acordado mexendo a luz do abajur e da geladeira, até que ela volte das festas. Pais são sonâmbulos quando os filhos nascem e quando os filhos partem ao mundo. Terei que ser independente e justo, mesmo sofrendo de medo. Não receberei mais cartões e desenhos com a promessa de amizade eterna. É recomendável guardar um estoque de sua infância para visitar e não se desesperar com a falta de notícias. Deixarei de ser seu ídolo. Serei mais humano e falível. Ela só me elogiará quando não estiver junto, para não me influenciar. Minha filha tem treze anos. Ontem trocava suas fraldas, andava com um cueiro como manta, levava-a de carrinho para praça, enxergava seu riso trocando os dentes, serenava sua febre, mentia para viver mais de uma vez sua verdade. Era ontem, ela brincou de esconde-esconde e está debaixo da cama, com alguns anos que não percebi passar em seu rosto. O tempo não voa, a voz voa. Minha filha agora me põe a envelhecer.”
Fabrício Carpinejar
15 Comments:
Lindo demais .. li e me coloquei no seu lugar !!!! Parabéns por ser essa mulher tão especial e ter criado uma menina tão especial !!! Parabéns, de coração !!
Bj
Que lindo Claudia! E sua filha é linda, linda também...Semre achei que os ruivos são as pessoas mais bonitas. Essa sensação de ver os filhos crescerem é maravilhosa. E assustadora ao mesmo tempo. Mas não tem preço ver a coisa bonita que eles se tornam né? Beijos, parabéns pra você e pra ela que nasceram juntas há treze anos.
Lindo, Claudia! E eu tenho a impressão de que com a adolescência, a maior parte do trabalho de ser mãe vai começar agora pra vc. Que ela continue sempre especial, linda e carinhosa. Parabéns pras duas!
Claudia: tô com lágrimas nos olhos também! Bom que ainda tem o Pedro para vc curtir os dois lados, né? Um bebê e uma menina linda que está virando mulher! Parabéns para você e para a Luiza! Bjs
Cláudia, lindo o texto, linda sua homenagem pra ela. Linda ela... aliás, parabéns de novo pra ela, que ela tenha muitas felicidades e continue te dando muita alegria e orgulho (e rugas, rsr).
Beijos
lindo lindo lindo lindo!!!!
parabéns pela sua mulherzinha, e que ela cresça sempre forte e esperta e linda :)
Nem preciso dizer que chorei, me enxergando daqui alguns anos....
Deixa eu sair desse computador e curtir meu bebê enquanto ela me quer.
Beijos.
Parabéns pra Luisa!
Já conhecia este texto do Carpinejar e tem tudo a ver.
Muita saúde pra tua filha, que certamente, com o exemplo que tem, se tornará uma mulher muito especial e feliz. Assim seja!
Claudia,
Parabens pra Luiza ! Muita saude pra essa ruivinha cheia de personalidade !
Dá um aperto no peito vendo os filhos crescerem, mas tambem dá um orgulho enorme saber que o que semeamos floresceu !
Beijos
Clau, lindo texto!
Parabéns pelo aniversário da Luiza! Que a vida dela continue a ser de alegrias, conquistas, vitórias e, acima de tudo, muito amor!
Beijos
Muito emocionante o seu post Claudia, feliz aniversário p/ Luiza e parabéns p/ vc, por ter filhos tão lindos e muito especiais com certeza.
Beijos
Clau, liiiiindo o texto e liinda a filhota!!! parabéns por ter criado ela tão bem, tão independente... um beijão!!!
Claro que chorei com o texto, né: Sacanagem...
Cláudia, primeiramente quero desejar feliz aniversário pra sua filhota; Parabpens a ela e muitas felicidades!
E o texto é simplesmente sensacional, maravilhoso.
Beijos!
nice pussynow let me see yours
Post a Comment
Subscribe to Post Comments [Atom]
<< Home